Dono de um vasto leque de recursos naturais, o continente africano, aos poucos, vai estreitando relações com o Ceará. Para se ter uma ideia, um levantamento realizado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) apontou que as exportações do Porto do Mucuripe para a Libéria, país localizado na África Ocidental, cresceram 708,6% em 2011, na comparação com o ano anterior.
Apesar da alta, a participação das exportações cearenses para países da costa oeste africana ainda é pequena, se comparado com o valor total exportado pelo Estado. No ano passado, de acordo com a Secex, o índice de participação foi de 2,5%, o dobro do registrado em 2010.
Em valores absolutos, no ano passado o Ceará arrecadou US$ 6,2 milhões com exportações para a costa oeste africana via Porto do Mucuripe. A Namíbia foi o país que mais recebeu mercadorias cearenses, sendo responsável por 96,3% do montante. Os produtos que mais se destacaram foram pequenas embarcações, como barcos salva-vidas, além de bananas frescas ou secas e aparelhos para cozinhar.
Fórum Brasil África
Para aproveitar este ritmo crescente de negociações entre Brasil e África, diversos representantes da iniciativa privada, africana e brasileira, em conjunto com diplomatas e empresários, estarão discutindo investimentos, possibilidades e alternativas no Fórum Brasil África, que acontece em Fortaleza entre os dias 9 e 11 de maio.
O evento será realizado na Universidade de Fortaleza (Unifor) e no Hotel Gran Marquise, localizado na avenida Beira-Mar. "O Brasil tem tecnologia avançada para geração de energia a partir do milho, da mandioca e da cana de açúcar, por exemplo. Do outro lado, a África começa a despertar para essas possibilidades, mas não tem a expertise necessária. Dessa forma, um intercâmbio de informações é importante para que os dois possam promover benefícios mútuos e, consequentemente, creçam juntos", diz João Bosco Monte, internacionalista que coordena o Fórum Brasil África.
Potencial inexplorado
O potencial agrícola africano seria capaz de alimentar toda a população mundial, o que falta são investimentos que tornem essa projeção possível.
Apesar do continente ter terras aráveis e de trabalho "abundantes", estima-se que, enquanto a produção de alimentos tem crescido 145% globalmente nos últimos 40 anos, a produção de alimentos africana caiu 10% desde o ano de 1960.
Por outro lado, se o crescimento econômico mundial é na casa dos 4%, o da África fechou em 6,9%. "O Brasil olha para a África como outros países fazem, enxergando a enorme quantidade de recursos naturais e o grande potencial de consumo que um continente com cerca de 850 milhões de habitantes possui. A diferença é que nós nos apresentamos como parceiros, levando nossas grandes empresas para o continente. Um exemplo é a operação da Vale do Rio Doce, que pretende investir em Moçambique, até 2016, cerce de R$ 20 bilhões", revela Bosco.
Na prática, o Brasil propõe crescer conjuntamente ajudando os parceiros africanos através de uma série de projetos, que vão desde o desenvolvimento mais produtivo e nutritivo de alimentos básicos a melhoria do solo e técnicas de gestão da água, bem como a reduzir a perda de safra após a colheita.
A última iniciativa brasileira neste setor foi a de doar US$ 2,37 milhões para financiar a produção de pequenos agricultores em cinco países africanos: Etiópia, Malauí, Moçambique, Nigéria e Senegal.
Fonte: Diário do Nordeste
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