Internacionalizar é a palavra de ordem nas empresas cearenses que anseiam negociar com África do Sul, Rússia, Índia e China, países-membros do Brics. As oportunidades entre os países dos grupo são mitas, mas é preciso mais que vontade para lançar-se na empreitada.
Segundo o professor de Relações Internacionais, João Bosco Monte, é preciso seguir uma cartilha. Conhecer o mercado é uma das regras de ouro. “As vantagens são grandes. Basta ter conhecimento de mercado, afinidade e audácia para entender, desbravar e identificar os parceiros”.
O gerente de exportação do grupo M. Dias Branco, César Ramos, afirma que vende margarina, massas e biscoitos para um comprador do setor de alimentos da Índia. Para que a mercadoria exportada tenha aceitação no mercado indiano, diz ser imprescindível a figura de um interlocutor. “É regra geral ter alguém que conheça a cultura local. Assim ocorre o estudo e adequações do produto”. Segundo ele, foram feitas adaptações de tamanho e também da embalagem dos produtos.
Os hábitos das populações locais também devem ser analisados antes de qualquer tentativas de comércio. Na Rússia, por exemplo, o consumo de frutas despenca no inverno. O sócio-diretor da Agrícola Famosa, Luiz Roberto Barcelos, entrou nesse mercado exportando banana, ao passo que o melão, carro-chefe da empresa, também comercializado na Rússia, enfrenta concorrência do Uzbequistão. “Cada país possui suas peculiaridades. A principal medida é conhecer a fundo as barreiras e analisa-las. Não adianta ir contra isso que jamais conseguirá mercado”.
Já Ricard Pereira, sócio-diretor do Grupo Petral, mantém relações comerciais com chineses há quatro anos. O diferencial está no conhecimento sobre o parceiro comercial e o ambiente chinês. “Muita gente fala em dificuldades nos negócios. Mas visitei a China e conheci a fábrica do nosso parceiro comercial”.
Ricard destaca que chegou a exportar sucata de aço anos atrás e atualmente importa o maquinário industrial para o setor metal-mecânico. Segundo ele, os chineses são flexíveis às sugestões e adaptações dos produtos. Outra vantagem é o preço do maquinário chinês, que chega a ser 30% menor que o norte-americano Estados Unidos. “A qualidade praticamente é a mesma.”
Sobre a África do Sul, quem fala é o gerente de exportação da Grendene, Mário de Oliveira. Ele diz que as raízes africana contribuem para aceitação dos calçados brasileiros. “O gosto dos sul-africanos é similar ao dos brasileiros. Não temos problemas de adaptação. Exportamos moda verão”.
Ele também destaca a necessidade de conhecer o ambiente. “Conhecemos os centros comerciais, lojas e o tipo de produtos que eles usavam. Descobri que os sul-africanos eram inclinados a comprar artigos da moda verão europeia. O que fizemos foi ‘tropicalizar”. As vendas para os sul-africanos representam 1% da receita de exportações da empresa.
VI Cúpula dos Brics em Fortaleza
O Centro de Eventos do Ceará recebe na próxima semana, segunda e terça-feira, a VI Cúpula dos Brics. O evento reunirá chefes de estado de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - que já confirmaram presença.
Do encontro, também participam ministros de fazenda, comércio exterior e presidentes de bancos centrais.
A principal pauta do evento é a criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) e o Arranjo Contingente de Reservas (CRA). Isso faz de Fortaleza, palco de evento importante para a economia mundial, já que os instrumentos são passo para que o grupo informal se torne um bloco.
Paralelamente, também será realizado o Brics Business Meeting 2014, um encontro de empresários dos cinco países. São esperados até mil empresários e mil jornalistas.
Fonte: Jornal O Povo
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