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Crise na Argentina afeta mais Brasil do que turbulência na Europa

A má fase econômica e a instabilidade política da Argentina estão afetando as exportações brasileiras com mais força do que a crise europeia. De abril a julho, mesmo com o câmbio acima de R$ 2, as vendas do Brasil a outros países caíram US$ 6,1 bilhões sobre igual período do ano passado. Os argentinos foram responsáveis por 32% da redução, com o encolhimento de US$ 1,96 bilhão das compras dos produtos brasileiros. Já a União Europeia importou US$ 1,67 bilhão menos, ou 27% do total da queda das vendas brasileiras.

Em todas as categorias (bens de capital, intermediários, duráveis, não duráveis e combustíveis) o Brasil registrou variação negativa nas exportações entre abril e julho. Mas as perdas mais nítidas foram na indústria, sobretudo em bens de capital (-14%) e de consumo duráveis (-12%) — dos quais os principais compradores são os argentinos, com 60% do total exportado pelo Brasil.

— O problema está na economia argentina e isso nos preocupa. O mau desempenho das exportações é ruim para a nossa economia. As medidas do governo surtirão efeito na indústria neste semestre, e o fator exportação pode segurar o PIB do ano — diz Júlio de Almeira, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Especialistas explicam que a Argentina tem forçado a redução de importação com barreiras comerciais para encerrar o ano com superávit. E está trocando produtos brasileiros por chineses, mais baratos. José Augusto de Castro, diretor da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), chama o “macete” da presidente Cristina Kirchner e seu braço direito, o ministro Guillermo Moreno, de "jeitinho argentino".

— Após o calote argentino, eles não têm mais crédito. E não vendem títulos do governo porque não há quem confie no país. Como não exportam quase nada, a saída é ter superávit na balança impondo barreiras.

A situação está tão crítica que a Fiesp vai propor ao governo argentino que seja usada a moeda local no comércio entre os dois países, para reaquecer a relação bilateral. As restrições argentinas já fizeram exportadores brasileiros desistirem de negócios no país vizinho. Um exemplo é Astor Ranft, sócio da Calçados Pegada, do Rio Grande do Sul, que vendia sapatos masculinos de couro à Argentina:

— Abandonamos o país poque não havia como trabalhar

Marcelo Palubettio, diretor da Democrata, exportadora de sapatos, diz que há dias em que suas lojas não têm mercadoria. Apesar de a Argentina ter mercado promissor, ele diz que com a instabilidade política “não há como crescer”.

Fonte: O Globo

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